Ontem assisti Marat-Sade, no charmoso e centenário Teatro Maria Guerreiro, peça escrita em 1968 por Peter Weiss. São 16 atores o tempo todo em cena, por quase 3 horas. Tudo se passa em 1793, no hospício onde vivia Sade após a Revolução Francesa, e o mote central da peça é um diálogo entre Sade e Marat, sobre o sentido da vida, os rumos da revolução e a conquista da liberdade e do prazer. Confesso que no início achei o ritmo tava lento, os atores pareciam estar ainda em aquecimento, mas depois a coisa foi se tornando elétrica e eu mal conseguia piscar. Há momentos fortíssimos e intensos, mas não há dúvidas de que um dos mais impactantes é quando pouco antes do assassinato de Marat acontece uma grande orgia, esgarçando as analogias entre revolução e copulação. Enquanto os prazeres vão sendo descobertos pelos personagenes em cena - diga-se de passagem sem qualquer excesso SM que valha a pena registrar -, Sade, com micrófone em punho, começa a convidar a platéia para aderir ao percurso orgiástico: "Você que está na platéia aí sentado, olhe para a pessoa que está a seu lado. Imagine-se tocando-a. Imagine-se sendo beijado por ela. Pense como seria se vocês estivessem transando. Não tenha medo. Aqui você está seguro e seu pai e mãe não podem ver". Ninguém moveu um braço. Tem coisas que, por melhor que seja a descrição, faltam palavras. Na foto, Marat deitado em sua banheira, protegido por sua mulher.
segunda-feira, 19 de março de 2007
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Um comentário:
Eu tenho um pouco de agonia dessas peças interativas em que a platéia é chamada a participar. Mas ia ser muito engraçado se todo mundo começasse a se agarrar na platéia tb hehhehehe. Só faltava ter algúem bem barango do lado e a pessoa olhar pro lado e fazer uma cara "eeeeca" haha
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