Ontem, domingo, estive na exposição de obras de Tintoretto no Museo del Prado. Fiquei impressionado com a densidade das formas, os jogos de luzes e os vários registros de situações sagradas, como mais de uma versão da Santa Ceia, com uma clara dimensão profana. No geral, as mulheres são jovens e têm corpos grandes com seios pequenos, os homens são rijos e bem definidos, a depeito da idade em geral avançada, e muitas vezes os bebês são anjelicalmente representados, pelados e rechonchudos. Vez ou outra há a impressão clara de que algum dos personagens representados é travesti, por mais que possa parecer delírio de minha cabeça. Nossa sociedade se auto-representa como muito transgressora e progressista quando se refere aos corpos e sua nudez, mas Tintoretto, no século 16, já mostrava como tudo pode ser simples, direto e belo. Basta querer, se permitir e fazer.
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