segunda-feira, 2 de abril de 2007

o Marrocos que vi

Esses cones de temperos são impressionantes e estão por toda parte, especialmente nas medinas, que abrigam as maravilhosas lojinhas de artesanato e também as de mercadorias de uso diário, dirigidas não a turistas, mas a moradores locais.


No Marrocos que conheci, homens se cumprimentam com quatro beijos nas bochechas quando se encontram, mulheres com dois e um homem e uma mulher acho que com nenhum (não vi nenhuma situação assim). Nas ruas, ainda é possível ver as propaladas cenas de dois amigos homens andando de mãos dadas ou literalmente de braços dados, sem que isso tenha uma conotação (homo)ssexual ostensiva. Vi poucas mulheres andando de mãos dadas, talvez duas vezes no máximo, e nos seis dias que passei lá apenas três casais homem-mulher. Nenhuma vez vi qualquer demonstração de afeto mais ostensiva (leia-se beijos, abraços e amassos) entre homens e mulheres (coisa completamente diferente de Madrid, onde os casais hetero são muitíssimo explícitos em suas demonstrações públicas de afeto). Também vi muito poucas crianças nas ruas e praticamente nenhum carrinho de bebê (a não ser de turistas). As crianças pequenas são carregadas por suas mães nas costas, presas por um interessante arranjo de panos. Uma verdaeira praga são as motocicletas. Vi frequentemente três ou mais pessoas deslocando-se em uma única moto, sem capacete e completamente expostas a quedas. Em muitos casos, adultos são acompanhados por crianças em completa situação de risco. Mas para eles tudo parece normalérrimo. Ahh, pessoamente vi mais estrangeiros com tatuagens fakes de hena do que marroquinos propriamente ditos. Numa das viagens de trem, na cabine em que estava havia uma mulher com as duas mãos tatuadas, com hena laranjada. Confesso que achei mais exótico do que bonito, talvez pelo estranhamento.


Tapetes multicoloridos e mulheres em negro, dos pés à cabeça, incluindo meias e luvas, talvez sejam uma boa tradução de Marrakech. Quase tudo coberto, nas casas e nos corpos. Quando meus olhos se encontravam com os de algumas dessas mulheres confesso que senti minha alma gelar e arder ao mesmo tempo, de grande curiosidade e de profunda incompreensão. Mas na pracinha ao lado da principal mesquita, por volta das 9 da noite, vi uma cena inesquecível: uma mulher jovem em trajes como este, alegremente brincando e coqueteando com dois rapazes. Ela lhes tocava as mãos, brincava em rodopios e se movia muito livremente. Se não fosse por estar quase toda coberta, eu diria que era mais um delicioso jogo de provocação e sedução entre jovens que estão descobrindo a vida, como em muitos outros lugares do mundo. Em tempo, claro que nem todas as mulheres em Marrakech e no Marrocos usam véus assim. Vi desde mulheres em trajes completamente ocidentais e sem nenhum sinal de inserção no islamismo até outras poucas que traziam burcas e mendigavam nas portas de mesquitas, basicamente destinadas a homens - ainda que o duplo sentido não tenha sido intencional, acho que é perfeito.



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