terça-feira, 6 de março de 2007

Um museu para ser tocado


Ontem fui ao Museo Tiflológico, mantido pela Fundação la ONCE, e destinado basicamente a pessoas cegas e deficientes visuais, embora esteja aberto a todos. Foi uma experiência única e inesquecíviel. Há uma sala com maqueletes de monumentos e cidades espanholas (Plaza de las Cibeles, cidade de Toledo e muitos outros), outra com maquetes de monumentos internacionais (Tajmahal, Torre Eiffel, Kremlin e muitos outros), uma sala com obras de artistas cegos e deficientes visuais, uma sala com equipamentos relacionados ao aprendizado de escrita, leitura e matemática para pessoas cegas e uma sala de exposições temporárias. Tudo está feito e disposto de maneira a ser tocado e experimentado, ativando outros sentidos que não a visão. Fiquei emocionado e impressionado. Este parece ser um museu que não existe em qualquer outro lugar. Num mundo tão visualmente obcecado como o nosso, toda vez que me encontro com as pessoas cegas que caminham pelas ruas de Madrid com uma autonomia inimaginável para nós no Brasil, reavalio minhas prioridades e crises existenciais e volto àquela máxima que parece meio bobinha do Foro Social Mundial, mas que é maravilhsa: um outro mundo é possível. Claro que tudo isso se deve em grande parte ao fato de que la Once, a fundação que assegura educação e integração a pessoas cegas em Espanha, gerencia uma loteria com o mesmo nome, o que lhe traz sempre os recursos necessários para o financiamento de todas as iniciativas. Mas dinheiro não é tudo neste caso. Há um trabalho estupendo que faz toda a diferença.

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