terça-feira, 10 de julho de 2007


Nos últimos dias tenho pensado sobre os significados da violência contra gays, lésbicas e travestis. É impressionante como algumas pessoas, auto-definidas religiosas e defensoras de valores cristãos, são capazes de se expressar com um ódio mortal e uma fúria assassina contra a aceitação social da homossexualidade. Em nome de um incompreensível amor fraterno, a gays, lésbicas e travestis são negados os direitos mais básicos à existência, à inserção na humanidade e ao exercício da cidadania. Sinceramente, não sei o que leva essas pessoas à tamanha intolerância. Um resposta óbvia e que faz sentido em alguns casos é dizer que condutas homofóbicas são uma reação direta a desejos homoeróticos. Ou seja, para negar uma atração por pessoas do mesmo sexo, ataca-se deliberadamente o outro que realiza o desejo que não pode ser aceito em si mesmo. Mas isso com certeza não é o caso de todos os que querem exterminar da face da terra qualquer resquício de homossexualidade. Afinal, por que incomoda tanto ver dois homens de mãos dadas nas ruas, duas mulheres abraçando-se na mesa de num barzinho ou um homem usando vestido em um ônibus (interrogação). Para mim, por mais óbvio que seja repetir, inaceitável mesmo é a guerra, o terrorismo, a fome, as epidemias, a violência doméstica, o acosso na escola e a incapacidade de aceitar o outro como ele é. Mas juro que não consigo compreender como alguém, em nome de qualquer religião, se sente no direito de dizer que apenas um casal formado por um homem e uma mulher é capaz de expressar o "amor verdadeiro" e de exercer uma "sexualidade saudável". A meu ver, quando se fala de adultos, que se elegem livre e reciprocamente como parceiros afetivo-sexuais, não cabe ao Estado ou a qualquer cidadão tentar intervir no âmbido de suas escolhas sentimentais. Hoje tenho pensado muito nisso e confesso que estou bem indignado com algumas coisas que andei lendo. Afinal, se não fosse a intolerância religiosa reinante no mundo, seguramente as possibilidades de conviência tranquila entre todas as pessoas, independentemente de suas orientações sexuais ou identidades de gênero, seria muitíssimo mais fácil. O inaceitável é quando as igrejas e seus representantes se transformam no referente ideológico que legitima o insulto, o ataque covarde e a morte de gays, lésbicas e transgêneros. Ai, que canseira! A quem interessar, o quadro reproduzido é de Munch, foi pintado em 1893, e se chama O grito.

3 comentários:

Rezende Bruno disse...

OLá Luis...
É amigão juntemos nossas indignações e gritemos loucas palavras "Ternura e paz". Só isso.
Paz e ternura quando se tornam desejos viram transgressão. Vamos transgredir....
Gostei do texto.... embora o grito de dor que ele contém a mim também atinge.
Estou a refletir tudo isso....

Sil disse...

Luiz, não consigo entender também. Não consigo entender esse ódio, não consigo entender como essas pessoas perdem tempo precioso da vida delas perseguindo gays e lésbicas, não consigo entender nada! Que povo estranho! Como podem pessoas que se dizem religiosas e se acham ligadas a um deus fazerem lobby no Congresso brasileiro para que não seja aprovada uma lei que proíbe discriminação contra homossexuais. Ou seja, perdem tempo e gastam enormes quantidades de energia para manter seu "direito" de continuar discriminando. É muito assustador! O que essa gente tem contra nós! Eu nem conheço essas pessoas!!! Porque querem nos prejudicar?

Luiz disse...

Rezende e Sil, realmente é tudo muito estranho. Tentamos viver com ternura e paz, mas nem sempre é possível... Eu também não conheço essas pessoas, não creio que minha vida em nada afete de maneira real a delas e continuo sem entender porque para se sentir feliz muitas vezes o ser humano precisa eleger outros como objeto de sua raiva, desprezo e insanidade. Tem horas que é difícil acreditar que as coisas podem ser diferentes no curto-médio prazo...mas ao mesmo tempo não podemos deixar que essas almas sebosas aterrorizem nossas vidas.. Ai, de novo, que canseira!