A teoria do bode

Trocando mensagens com uma amiga muito querida, outro dia falei sobre a Teoria do Bode e ela me perguntou o inevitável: "qual é a teoria do bode?????" (com estas cinco interrogações e a ênfase que as palavras escritas costumam ter). Eis a resposta que lhe enviei: "Num ônibus lotado, sol a pino, trânsito engarrafado, todos os passageiros começam a reclamar da falta de espaço, do calor, da demora e de todas as outras coisas difíceis da vida, como a falta de dinheiro, a violência, Bush e o que mais pudermos imaginar. De repende, na parada seguinte, entra alguém no ônibus com um bode. Aperta para lá, aperta para cá, e quando as pessoas se dão conta o novo passageiro e seu bode estão exatamente no meio do ônibus. Depois de alguns segundos de incredulidade, todos começam a reclamar da presença do animal, seu cheiro, o risco de doenças, a falta de espaço, se vai fazer xixi ou cocô ali, se o dono não tinha vergonha na cara ou senso de comunidade, etc. Todos começam a se exaltar, a falar alto e a interpelar o passageiro: "Ou você tira o bode do ônibus na próxima parada ou vai ter que descer junto com ele, nem que seja à força!". O passageiro reage, fica nervoso, mas diante do inevitável resolve descer com seu bode. O ônibus segue viagem, sem que ninguém mais tenha descido naquela parada. Livres do animal, os passageiros se acalmam e começam a conversar sobre como é bom estar no ônibus sem o tal do bode. Pelos próximos cinco minutos ou um pouco mais, são capazes de esquecer a falta de espaço no ônibus, o calor, a demora, a violência, a pobreza, bush e tudo mais. Estarão concentrados na felicidade de estarem livres do bode e como é bom estar no ônibus sem ele. Em alguns momentos, nossas vidas são como ônibus lotados e tudo que precisamos para ser felizes é de um bode".